Por Lucas Zem

Por que se comparar a um concorrente?

Em um ambiente de crescente complexidade e rápida mudança como vemos atualmente, tanto no cenário público quanto no corporativo, a concorrência não é apenas inevitável, mas muitas vezes é o catalisador para a inovação e o aprimoramento contínuo. Assim, fazer “benchmarking” se mostra essencial nos dias de hoje. Mas o que é Benchmarking?
Benchmarking é uma metodologia que implica em comparar os indicadores de desempenho da sua organização com os de líderes do setor, a fim de obter uma perspectiva sobre onde você se encontra na paisagem competitiva. Esse conceito entra neste artigo como uma prática sistemática de comparar processos, métricas e desempenho com os melhores do setor, ou, no caso do setor público, com entidades similares em escopo e missão.

Por que se Comparar?

  1. Identificação de Melhores Práticas: Observar a concorrência permite que uma organização identifique melhores práticas e falhas a serem evitadas, tornando-se um exercício de aprendizado contínuo.
  2. Direcionamento Estratégico: A análise comparativa oferece insights que podem direcionar decisões estratégicas, ajudando na identificação de oportunidades e ameaças.
  3. Eficiência e Eficácia: Comparar-se permite entender onde os recursos podem ser melhor alocados para maximizar impacto, algo crucial em ambientes com recursos limitados, como é frequentemente o caso no setor público.
  4. Governança e Conformidade: No setor público e no terceiro setor, uma comparação bem fundamentada também pode servir como uma ferramenta para demonstrar conformidade com regulamentos e responsabilidade perante os stakeholders.
  5. Sustentabilidade Política e Social: Através do benchmarking, é possível alinhar metas e práticas com as expectativas dos cidadãos, contribuindo para a legitimidade e sustentabilidade a longo prazo.

Método científico de comparação

Quando uma Organização começa o processo de Benchmarking, muita informação é obtida e é fácil se perder dentro de inúmeras análises possíveis. Assim, este artigo visa propor um método para análise dessas informações.

O primeiro passo a ser seguido é elaborar aspectos de comparação, ou seja, características da sua Organização que podem ser comparadas com outras Organizações, como por exemplo: Preço da mercadoria ou serviço, tempo de entrega, relacionamento com o cliente, portal de comunicação, etc.

Conforme as informações de comparação vão sendo obtidas, os aspectos de comparação devem ser posicionados em uma matriz com 2 eixos: Posição da sua Organização frente às demais (vantagem, paridade, desvantagem) e Importância daquele aspecto para o seu cliente (alta, média ou baixa).

Desse modo, o cenário atual de comparação ao(s) concorrente(s) estará pronto, mas como obter um cenário desejado?

Para responder a essa pergunta, imagine que você comparou a sua Organização com outras em 8 diferentes aspectos, aqui enumerados de 1 a 8 e os elencou entre os 2 critérios propostos:

Qual você acha que deve ser a meta da sua Organização? O que você acha que deveria ser feito com cada um desses aspectos?

A resposta mais comum é: deslocar todos para a direita, a fim de trazer vantagem competitiva em todos os aspectos. Mas será que todo o investimento para isso vale a pena? Lembre-se sempre de pensar sob o ponto de vista de seu cliente e investir apenas naquilo que vai gerar valor para ele, direcionando esforços a mais para o quadrante (Vantagem; Alta) e a menos para o quadrante (Desvantagem; Baixa).

Pensando assim e priorizando os gastos com aquilo que gera valor, o cenário desejado seria o seguinte:

O caráter desejado é o diagonal, que prioriza e direciona os esforços para aqueles aspectos que são altamente importantes para os clientes, pois são esses os aspectos que devem ser superiores à concorrência.

Em relação aos aspectos de importância média, não é necessário obter vantagem sobre os concorrentes, mas ficar em desvantagem pode ser perigoso, pois esses são aspectos que o cliente pode sentir falta caso estejam ausentes.

Por fim, não é necessário investir em aspectos para os quais o cliente praticamente não da importância, pois esses recursos despendidos seriam melhor utilizados para aspectos importantes para o cliente.

Portanto, o último passo é fazer o cenário atual e trabalhar em cima das melhorias que sua matriz propõe sob o ponto de vista de seus clientes.

Panorama geral e mãos à obra

O cenário competitivo atual impõe uma demanda contínua por eficiência, inovação e foco no cliente, tornando o benchmarking uma ferramenta estratégica não apenas para entender onde uma organização se situa, mas também para definir um caminho claro para onde ela deseja ir. O método proposto neste artigo oferece uma abordagem ponderada e estratégica para a análise de comparação com os concorrentes, permitindo que as organizações identifiquem não apenas suas vantagens e desvantagens, mas também suas oportunidades de investimento mais impactantes.

Alinhando essas análises com o valor percebido pelos clientes, as organizações podem fazer escolhas informadas sobre onde direcionar seus recursos para maximizar a eficácia operacional e a satisfação do cliente. Isto é particularmente vital no setor público e terceiro setor, onde a gestão eficiente de recursos e a responsabilidade perante os stakeholders são de suma importância.

A matriz de comparação proposta não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta para a tomada de decisões informadas e estratégicas. Ao adotar essa abordagem, as organizações podem alcançar uma vantagem competitiva sustentável, mantendo um alinhamento preciso com as necessidades e expectativas dos seus clientes ou cidadãos, e garantindo a responsabilidade e conformidade no cenário regulatório em que operam.

Artigo elaborado por Lucas Daniel Zem Berbert, graduando de Engenharia de Produção pela EESC-USP, e pesquisador Lean Healthcare. Atualmente engajado em projetos de melhoria Lean junto à Evoluta Administração.

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