A política é feita de trocas, mas nem todo jogo é antiético. Existem boas maneiras de gerar influência e poder 

 Por Matheus Delbon

  

A política é exercida pelo poder e acredito que poucos discordam disso. Mas, afinal, o que é o poder? A melhor definição que encontrei foi: “Poder é a capacidade de dirigir ou evitar ações atuais ou futuras de outros grupos e indivíduos. Ou, dito de outra forma – poder é aquilo que exercemos sobre os outros para que tenham condutas que, de outro modo, não adotariam.” (Moisés Naim- O Fim do Poder). 

 Bom, então posso concluir que ter poder é exercer influência. E como é possível fazer? Promovendo trocas, não há outra forma. Sim, pelo conhecido “toma lá, dá cá”. Mas calma, nem sempre isso precisa ser espúrio ou imoral, pois até São Francisco em sua oração disse “pois é dando que se recebe”. 

 A questão é: qual a moeda de troca? Somente dinheiro e privilégios? Claro que não. Pesquisadores sobre o papel da influência classificam pelo menos outros cinco grupos de moedas de trocas sadias, que podem e devem ser usadas para fazer política. São grupos relacionados à inspiração, tarefa, posição, relação e nível pessoal. 

 A primeira moeda, a meu ver, a mais bela, se dá pela troca de inspiração de ideias. Tenha uma ideia que o inspire e me dá um espaço para tentar ajudá-lo a fazer acontecer. Essa deveria ser a principal moeda de troca em uma política saudável. 

 Mas, o fato é que a maioria dos políticos alcança cargos por suas ambições pessoais e muita vontade de ter poder. Este comportamento é normal, sempre foi assim e acredito que sempre será. 

 A pessoa que deseja o poder, mesmo munida das melhores intenções, está disposta a pagar o elevado preço para alcançá-lo, como perda da privacidade, forma de se relacionar com amigos e inimigos e enfrentamento a movimentos de oposição, entre outros. 

 Mas algumas pessoas, ao alcançar o poder, se perguntam: e agora? Lutei tanto para ser indicado, ganhar as eleições… Como materializar minhas melhores intenções? Momento de reflexão: depois de tanto tempo dedicado ao processo político, certamente você se afastou da filosofia, da sociologia, do estudo, da administração pública… 

 Nesta hora vem o bom “toma lá, dá cá”. Muitos pensadores e intelectuais entendendo o poder como na definição de Naim querem apenas provocar mudanças. Não querem cargos, títulos e em muitos casos, nem sequer querem que saibam seu nome. 

 Agem como fantasmas, dispostos a entregar suas ideias pela ação, ou mesmo por uma troca mais ativa, como um cargo e justa remuneração por seu trabalho. Não vejo nenhum problema. Seria uma troca justa e republicana. Afinal, não podemos ter tudo dos eleitos. 

 Geraríamos um ciclo virtuoso e com isso, podemos melhorar a vida das pessoas e aumentar o poder de forma mútua… O problema não é o “toma lá, dá cá”. 

 Pense nas grandes mentes que influenciaram o mundo e verá que, em sua maioria, não tinham nenhum poder formal, mas sim novas moedas de troca, oferecendo conhecimento, posição, tarefas, reconhecimento, senso de pertencimento e muitas outras. 

 Vale lembrar que dinheiro é apenas uma das opções. Nas suas ações diárias, com certeza você tem usado outras moedas de troca com sua família, chefe, colegas de trabalho, amigos e vizinhos. 

 Já praticamos essa troca normalmente na nossa vida. Resta agora levar para o mundo político e promover um “toma lá, dá cá” saudável. 

 

* Esta crônica que você está lendo faz parte do livro “CIDADES EFICIENTES: Crônicas da administração pública”, de autoria de Matheus Delbon.

O autor gentilmente autorizou a republicação deste texto, desde que a fonte seja devidamente citada e o conteúdo não seja alterado ou adaptado de qualquer forma.

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