A gestão de projetos no setor público tem se tornado cada vez mais relevante à medida que os governos buscam alcançar metas e entregar resultados de maneira eficiente, econômica e transparente. Com o aumento das demandas da população e a crescente complexidade dos problemas que as administrações públicas enfrentam, a eficácia na implementação de políticas públicas torna-se um elemento crucial para garantir o sucesso das ações governamentais.

Neste contexto, a gestão de projetos no setor público adquire um papel central, uma vez que é responsável por planejar, executar e controlar atividades que visam à concretização de objetivos específicos no âmbito das políticas públicas. Dessa forma, a gestão de projetos no setor público difere da gestão de projetos no setor privado, pois lida com interesses e expectativas de diversos atores, incluindo cidadãos, organizações da sociedade civil e outras instituições governamentais. Além disso, os projetos públicos enfrentam desafios específicos relacionados a questões legais, burocráticas, orçamentárias e políticas.

Diante dessa realidade, é fundamental que gestores públicos estejam preparados para enfrentar esses desafios e adotar boas práticas e ferramentas que garantam o sucesso na implementação de políticas públicas. Este artigo tem como objetivo apresentar essas boas práticas e ferramentas, proporcionando aos profissionais do setor público uma base sólida para aprimorar a gestão de projetos em suas organizações.

Ao longo deste texto, serão abordados conceitos fundamentais da gestão de projetos no setor público, destacando as particularidades dessa área em comparação com o setor privado. Além disso, serão apresentadas boas práticas e metodologias que possam ser aplicadas no contexto governamental, juntamente com ferramentas tecnológicas que possam facilitar e aperfeiçoar a gestão de projetos públicos. Também serão analisados casos de sucesso na implementação de políticas públicas, a fim de extrair lições aprendidas e identificar os elementos-chave para uma gestão eficiente.

Em suma, este artigo pretende contribuir para o debate sobre a importância da gestão de projetos no setor público, fornecendo aos gestores públicos e demais interessados um conjunto de práticas e ferramentas para enfrentar os desafios inerentes à implementação de políticas públicas, garantindo o sucesso das ações governamentais e a melhoria da qualidade de vida da população.

Fundamentos da gestão de projetos no setor público

Os fundamentos da gestão de projetos no setor público são essenciais para compreender as particularidades e desafios enfrentados pelos gestores públicos nesse contexto. Embora a gestão de projetos compartilhe muitas características comuns entre os setores público e privado, existem aspectos específicos que devem ser considerados ao gerenciar projetos públicos.

Características e desafios específicos dos projetos públicos:

A natureza dos projetos públicos difere daquela dos projetos privados em diversos aspectos. Em primeiro lugar, os projetos públicos têm como objetivo principal atender às necessidades da sociedade e promover o bem-estar da população. Isso implica em lidar com múltiplos interesses e partes interessadas, como cidadãos, organizações da sociedade civil e outras instituições governamentais.

Outro aspecto importante é a necessidade de transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos, exigindo um rigoroso controle e prestação de contas em todas as etapas do projeto. Além disso, os projetos públicos enfrentam desafios específicos relacionados a questões legais, burocráticas, orçamentárias e políticas, que podem afetar o andamento e o sucesso das iniciativas.

Ciclo de vida de um projeto no setor público:

O ciclo de vida de um projeto no setor público consiste em diversas fases, que vão desde a concepção até a conclusão e avaliação do projeto. Essas fases incluem:

  1. Identificação e definição do problema: os gestores públicos devem identificar as necessidades da sociedade e definir os problemas que o projeto busca resolver.
  2. Desenvolvimento do plano do projeto: esta fase envolve a elaboração de um plano detalhado, que deve incluir objetivos, escopo, cronograma, orçamento e recursos necessários.
  3. Execução e monitoramento: durante esta fase, os gestores públicos devem implementar as atividades planejadas, monitorar o progresso e ajustar o plano conforme necessário.
  4. Avaliação e encerramento: após a conclusão do projeto, é fundamental realizar uma avaliação para analisar os resultados, identificar lições aprendidas e garantir a sustentabilidade das ações implementadas.

Principais áreas de conhecimento e competências necessárias para gerenciar projetos públicos:

Para gerenciar projetos públicos de maneira eficiente, os gestores devem desenvolver competências em diversas áreas de conhecimento, incluindo:

  1. Planejamento e gerenciamento de escopo: habilidades para definir objetivos claros, mensuráveis e alinhados às necessidades da sociedade.
  2. Gerenciamento de tempo e cronograma: capacidade de planejar e controlar as atividades do projeto, garantindo o cumprimento dos prazos estabelecidos.
  3. Gerenciamento de custos e orçamento: competência para estimar e controlar os recursos financeiros necessários para a execução do projeto, garantindo a eficiência na utilização dos recursos públicos.
  4. Gerenciamento de qualidade: habilidades para monitorar e garantir que os resultados do projeto atendam aos padrões de qualidade estabelecidos.
  5. Gerenciamento de comunicação: capacidade de manter uma comunicação eficiente entre as partes interessadas, facilitando o entendimento e o engajamento de todos os envolvidos no projeto.
  6. Gerenciamento de riscos: habilidades para identificar, analisar e responder aos riscos e incertezas associados ao projeto, minimizando seus impactos negativos e aproveitando oportunidades.
  7. Gestão de partes interessadas: competências para gerenciar as expectativas e necessidades das diversas partes interessadas, promovendo a colaboração e o apoio necessário para o sucesso do projeto.
  8. Liderança e trabalho em equipe: habilidades para motivar, orientar e coordenar a equipe de projeto, garantindo o engajamento e a cooperação entre os membros.

Ao compreender os fundamentos da gestão de projetos no setor público, os gestores públicos estarão melhor preparados para enfrentar os desafios específicos e complexos desse contexto. Isso permitirá que eles desenvolvam e implementem projetos bem-sucedidos, alinhados às necessidades da sociedade e capazes de gerar impactos positivos e duradouros para a população.

Boas práticas em gestão de projetos no setor público:

Adotar boas práticas em gestão de projetos no setor público é fundamental para garantir o sucesso na implementação de políticas públicas. Essas práticas são direcionadas para melhorar a eficiência, eficácia e efetividade dos projetos, maximizando os benefícios para a sociedade e otimizando a utilização de recursos públicos. Algumas das principais boas práticas incluem:

a. Planejamento e definição de objetivos claros e mensuráveis:

O planejamento adequado é um elemento-chave para o sucesso de qualquer projeto. No setor público, isso envolve a definição de objetivos claros e mensuráveis, que estejam alinhados com as políticas públicas e as necessidades da sociedade. Estabelecer metas realistas e alcançáveis permite monitorar o progresso do projeto e avaliar seu desempenho de maneira objetiva. O uso de indicadores de desempenho específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais (SMART) é uma ferramenta valiosa nesse processo.

b. Comunicação eficiente entre partes interessadas:

A comunicação eficiente é essencial para manter todas as partes interessadas informadas e engajadas no projeto. No setor público, isso inclui não apenas a equipe do projeto, mas também outros órgãos governamentais, fornecedores, comunidades locais e outras organizações envolvidas. Manter canais de comunicação abertos e transparentes ajuda a garantir que todos estejam alinhados e trabalhando em conjunto para alcançar os objetivos do projeto.

c. Monitoramento e controle contínuos:

O acompanhamento e a supervisão contínua dos projetos são cruciais para identificar e abordar problemas em tempo hábil. No setor público, isso pode incluir a análise regular de relatórios de progresso, reuniões de revisão periódicas e a utilização de ferramentas de gerenciamento de projetos para rastrear o desempenho. O controle contínuo permite que os gestores identifiquem desvios em relação ao plano e tomem medidas corretivas, garantindo que o projeto permaneça no caminho certo para alcançar seus objetivos.

d. Gestão de riscos e contingências:

Os projetos públicos enfrentam diversos riscos e incertezas, desde mudanças políticas e orçamentárias até imprevistos técnicos ou ambientais. A gestão eficaz de riscos envolve a identificação, análise e tratamento desses riscos, bem como o desenvolvimento de planos de contingência para lidar com possíveis problemas. A gestão de riscos no setor público também deve considerar os impactos potenciais para a população e o meio ambiente, garantindo que as decisões tomadas estejam alinhadas com os princípios de responsabilidade social e sustentabilidade.

e. Incorporação de lições aprendidas e melhoria contínua:

Aprender com as experiências passadas é fundamental para melhorar a gestão de projetos no setor público. Isso envolve a coleta e análise de lições aprendidas em projetos anteriores, identificando áreas de sucesso e oportunidades de melhoria. A melhoria contínua deve ser uma prioridade para os gestores públicos, buscando

Ferramentas e metodologias para gestão de projetos no setor público

Para garantir o sucesso na implementação de políticas públicas, é importante selecionar e aplicar as ferramentas e metodologias adequadas na gestão de projetos do setor público. A escolha das abordagens corretas permite otimizar recursos, melhorar a eficiência e garantir que os objetivos do projeto sejam alcançados. Algumas das principais ferramentas e metodologias utilizadas na gestão de projetos no setor público incluem:

a. Métodos tradicionais:

PMBOK, PRINCE2, etc.: Os métodos tradicionais de gerenciamento de projetos, como o PMBOK (Project Management Body of Knowledge) e o PRINCE2 (Projects in Controlled Environments), são amplamente utilizados no setor público. Essas metodologias fornecem um conjunto de diretrizes, processos e práticas padronizadas que auxiliam os gestores na condução eficaz dos projetos.

O PMBOK, desenvolvido pelo Project Management Institute (PMI), é um guia que abrange as melhores práticas de gerenciamento de projetos e identifica dez áreas de conhecimento, como escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisições e integração.

O PRINCE2, por outro lado, é uma metodologia desenvolvida pelo governo britânico e enfatiza a estrutura de governança dos projetos e o controle do progresso em estágios regulares. Ambos os métodos são aplicáveis a projetos públicos e podem ser adaptados às necessidades específicas do setor.

b. Abordagens ágeis:

Scrum, Kanban, etc.: Nos últimos anos, as abordagens ágeis de gerenciamento de projetos ganharam popularidade também no setor público. Essas metodologias, como Scrum e Kanban, são caracterizadas por sua flexibilidade e adaptabilidade, permitindo que os projetos se ajustem rapidamente às mudanças nas prioridades e no ambiente.

O Scrum é uma estrutura ágil que divide o projeto em ciclos de trabalho curtos, chamados de sprints, e se baseia em revisões regulares e retrospectivas para refinar os processos e melhorar a eficiência. O Kanban, por sua vez, é uma abordagem visual que utiliza quadros e cartões para gerenciar o fluxo de trabalho, facilitando a identificação de gargalos e a priorização das tarefas.

Essas abordagens ágeis podem ser particularmente úteis em projetos públicos que enfrentam incertezas e mudanças frequentes, pois permitem uma rápida resposta às novas demandas e desafios.

c. Ferramentas tecnológicas:

softwares de gerenciamento de projetos, aplicativos colaborativos, etc.: A tecnologia desempenha um papel importante na gestão de projetos no setor público. O uso de softwares de gerenciamento de projetos e aplicativos colaborativos pode melhorar significativamente a eficiência, a comunicação e o monitoramento dos projetos.

Existem diversos softwares de gerenciamento de projetos disponíveis no mercado, como Microsoft Project, Asana, Trello e Basecamp, que oferecem recursos para planejamento, alocação de recursos, rastreamento de progresso e controle de qualidade. Além disso, aplicativos colaborativos como Slack, Microsoft Teams e Google Workspace facilitam a comunicação e a colaboração entre as partes interessadas, permitindo o compartilhamento de informações e documentos em tempo real.

Essas ferramentas tecnológicas também podem ser integradas a outras soluções, como sistemas de gestão financeira e análise de dados, proporcionando uma visão mais abrangente e precisa do desempenho do projeto. Além disso, o uso de ferramentas de Business Intelligence e Data Analytics permite que os gestores públicos analisem grandes volumes de dados e identifiquem tendências e padrões que possam ajudar na tomada de decisões e na otimização de recursos.

Ao selecionar e implementar as ferramentas e metodologias apropriadas, os gestores públicos podem garantir uma abordagem mais eficaz e eficiente na gestão de projetos, resultando em políticas públicas bem-sucedidas que atendam às necessidades e expectativas da sociedade.

Assim, a escolha das ferramentas e metodologias corretas para a gestão de projetos no setor público é crucial para garantir o sucesso na implementação de políticas públicas. A combinação de métodos tradicionais, como PMBOK e PRINCE2, abordagens ágeis, como Scrum e Kanban, e o uso de tecnologias avançadas, como softwares de gerenciamento de projetos e aplicativos colaborativos, permite aos gestores públicos abordar os desafios específicos do setor e otimizar a eficiência e eficácia dos projetos. Ao adotar essas práticas e ferramentas, os gestores de projetos no setor público podem aumentar a probabilidade de sucesso na implementação de políticas públicas e melhorar os resultados para a sociedade como um todo.

Estudos de caso: exemplos de sucesso na implementação de políticas públicas

a. Descrição de casos reais em que a gestão de projetos eficiente resultou em sucesso na implementação de políticas públicas

I. Projeto de revitalização urbana em Medellín, Colômbia

Um exemplo notável de sucesso na implementação de políticas públicas é o projeto de revitalização urbana em Medellín, Colômbia. A cidade passou por uma transformação notável, saindo de ser uma das mais violentas do mundo na década de 1990 para uma cidade próspera e inovadora. Essa mudança foi possível graças à gestão eficiente de projetos urbanos que abordaram problemas sociais, econômicos e ambientais (Echeverri & Orsini, 2011).

Os projetos incluíram a construção de bibliotecas, escolas, parques e infraestrutura de transporte público, como o metrô e o teleférico. Essas iniciativas foram cuidadosamente planejadas e gerenciadas, com a participação ativa da comunidade e a colaboração entre diferentes setores e níveis de governo. O projeto resultou em melhorias significativas na qualidade de vida e na coesão social na cidade (Rojas, 2011).

Fontes:

  • Echeverri, A., & Orsini, F. M. (2011). Informalidad y urbanismo táctico en América Latina. Bitácora Urbano Territorial, 2(17), 5-15.
  • Rojas, E. (2011). Urban heritage, public space and citizenship: The Medellín case. Revista Científica General José María Córdova, 9(9), 283-306.

II. Programa Bolsa Família no Brasil

Outro exemplo de sucesso é o programa Bolsa Família no Brasil, um dos maiores programas de transferência condicionada de renda do mundo. Iniciado em 2003, o programa visa reduzir a pobreza e melhorar a saúde e a educação de famílias em situação de vulnerabilidade, por meio de pagamentos mensais condicionados à frequência escolar e ao cumprimento de requisitos de saúde (Lindert et al., 2007).

O sucesso do Bolsa Família é atribuído à gestão eficiente de projetos, que envolveu a integração de políticas e programas existentes, a construção de um sistema unificado de cadastro e monitoramento e a coordenação entre diferentes níveis de governo. O programa resultou em reduções significativas na pobreza, na desigualdade e na mortalidade infantil, bem como melhorias na saúde e na educação das crianças beneficiadas (Soares et al., 2010).

Fontes:

  • Lindert, K., Linder, A., Hobbs, J., & de la Brière, B. (2007). The nuts and bolts of Brazil’s Bolsa Família Program: Implementing conditional cash transfers in a decentralized context. World Bank Policy Research Working Paper, 3980.
  • Soares, F. V., Ribas, R. P., & Osório, R. G. (2010). Evaluating the impact of Brazil’s Bolsa Família: Cash transfer programs in comparative perspective. Latin American Research Review, 45(2), 173-190.

b. Lições aprendidas e elementos-chave para o sucesso

I. Projeto de revitalização urbana em Medellín, Colômbia

Algumas lições importantes podem ser extraídas do projeto de revitalização urbana em Medellín:

  1. Participação da comunidade: O envolvimento ativo das comunidades afetadas na identificação de problemas e na tomada de decisões sobre os projetos foi fundamental para o sucesso. Essa abordagem colaborativa ajudou a garantir que as intervenções fossem adaptadas às necessidades locais e que contassem com o apoio da população (Echeverri & Orsini, 2011).
  2. Integração de políticas e setores: A coordenação entre diferentes setores e níveis de governo permitiu a implementação de projetos integrados, abordando questões sociais, econômicas e ambientais de forma holística. Essa abordagem interdisciplinar foi crucial para enfrentar os múltiplos desafios enfrentados pela cidade (Rojas, 2011).
  3. Monitoramento e avaliação: A avaliação contínua dos projetos e a adaptação com base nos resultados permitiram aprimorar as intervenções e garantir seu impacto positivo a longo prazo.

II. Programa Bolsa Família no Brasil

As lições aprendidas com o Bolsa Família incluem:

  1. Integração de programas e políticas: A unificação de programas de transferência de renda existentes no Brasil sob o guarda-chuva do Bolsa Família permitiu uma maior eficiência e eficácia na alocação de recursos e na prestação de serviços (Lindert et al., 2007).
  2. Construção de sistemas robustos de cadastro e monitoramento: O desenvolvimento de um sistema unificado de cadastro e monitoramento foi essencial para identificar e alcançar as famílias elegíveis, bem como para garantir o cumprimento das condicionalidades do programa (Soares et al., 2010).
  3. Coordenação entre níveis de governo: A colaboração entre os governos federal, estadual e municipal foi fundamental para a implementação bem-sucedida do Bolsa Família, garantindo a entrega eficiente dos pagamentos e o monitoramento das condicionalidades.

Em suma, os estudos de caso de Medellín e do Bolsa Família destacam a importância da gestão eficiente de projetos, da participação da comunidade, da integração de políticas e setores e da colaboração entre diferentes níveis de governo na implementação bem-sucedida de políticas públicas. Além disso, o monitoramento e a avaliação contínuos são cruciais para garantir a eficácia e a sustentabilidade das intervenções a longo prazo.

Capacitação e desenvolvimento de competências para a gestão de projetos no setor público

a. Importância do desenvolvimento de competências específicas para a gestão de projetos públicos

O desenvolvimento de competências específicas é fundamental para a gestão eficiente de projetos no setor público. Profissionais com habilidades adequadas e experiência em gerenciamento de projetos públicos estão melhor preparados para enfrentar os desafios exclusivos desse setor, como a complexidade das políticas, os diversos interesses das partes interessadas e a necessidade de transparência e responsabilidade.

Além das habilidades técnicas em gerenciamento de projetos, os profissionais do setor público devem desenvolver habilidades interpessoais e de liderança, como comunicação efetiva, negociação, tomada de decisões e solução de problemas. Essas habilidades são cruciais para facilitar a colaboração entre equipes multidisciplinares e para garantir a participação das partes interessadas na implementação de políticas públicas.

b. Programas de formação e certificação

Vários programas de formação e certificação estão disponíveis para capacitar profissionais do setor público em gerenciamento de projetos. Alguns exemplos incluem:

  1. Certificação PMP (Project Management Professional): Oferecida pelo Project Management Institute (PMI), a certificação PMP é reconhecida globalmente e é uma das mais procuradas pelos profissionais de gerenciamento de projetos. O programa abrange uma ampla gama de tópicos e habilidades relevantes para a gestão de projetos no setor público e privado (PMI, 2021).
  2. Certificação PRINCE2: O PRINCE2 (Projects in Controlled Environments) é uma metodologia de gerenciamento de projetos desenvolvida pelo governo do Reino Unido. A certificação PRINCE2 é especialmente adequada para profissionais do setor público, pois é voltada para projetos em ambientes complexos e regulamentados (AXELOS, 2021).
  3. Cursos e programas de capacitação em gerenciamento de projetos para o setor público: Algumas instituições acadêmicas e organizações oferecem cursos específicos para o desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos públicos. Esses cursos abordam tópicos como governança, planejamento, monitoramento e avaliação, gestão de riscos e gestão de partes interessadas, adaptados às necessidades e desafios do setor público.

c. Estratégias para aprimorar a capacidade institucional

Além da formação e certificação de profissionais individuais, é essencial investir em estratégias para aprimorar a capacidade institucional em gerenciamento de projetos no setor público. Algumas dessas estratégias incluem:

  1. Estabelecer um escritório de gerenciamento de projetos (PMO): Um PMO pode ajudar a padronizar as metodologias, processos e ferramentas de gerenciamento de projetos em toda a organização. Isso garante uma abordagem consistente e coordenada, melhorando a eficiência e a eficácia dos projetos públicos.
  2. Promover a aprendizagem contínua e a troca de conhecimentos: Incentivar a participação em cursos de formação, workshops e seminários permite que os profissionais do setor público aprimorem suas habilidades e mantenham-se atualizados sobre as melhores práticas em gerenciamento de projetos. Além disso, a criação de comunidades de prática e a promoção do compartilhamento de experiências e lições aprendidas entre os profissionais podem contribuir para o desenvolvimento contínuo de competências e a melhoria da gestão de projetos no setor público.
  3. Integrar a gestão de projetos nas políticas e processos organizacionais: A incorporação de princípios e práticas de gerenciamento de projetos nas políticas e processos da organização pode garantir uma abordagem mais estruturada e eficiente na implementação de projetos públicos. Isso inclui a definição de padrões e diretrizes de gerenciamento de projetos, bem como a avaliação e monitoramento contínuos do desempenho dos projetos.
  4. Estabelecer parcerias e colaboração com outros órgãos e organizações: A colaboração com outras instituições do setor público, organizações do setor privado e organizações não governamentais pode proporcionar oportunidades de aprendizado mútuo e troca de conhecimentos. Essas parcerias podem ajudar a identificar e adotar as melhores práticas em gerenciamento de projetos, adaptadas às necessidades e desafios específicos do setor público.
  5. Investir em tecnologia e inovação: A adoção de tecnologias e ferramentas modernas de gerenciamento de projetos pode melhorar a eficiência e a eficácia dos projetos no setor público. Isso inclui a utilização de softwares de gerenciamento de projetos, aplicativos colaborativos e outras soluções digitais que facilitam a comunicação, a coordenação e o acompanhamento do progresso dos projetos.

 

Em suma, a capacitação e o desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos são fundamentais para garantir a eficácia na implementação de políticas públicas. Investir em programas de formação e certificação, bem como adotar estratégias para aprimorar a capacidade institucional, podem contribuir para melhorar a gestão de projetos no setor público e, por sua vez, para o sucesso na implementação das políticas públicas.

Conclusão

Em conclusão, a gestão de projetos no setor público desempenha um papel crítico na implementação bem-sucedida de políticas públicas. A adoção de boas práticas e ferramentas é fundamental para garantir que os projetos sejam gerenciados de maneira eficiente e eficaz, levando a resultados positivos e duradouros para a sociedade.

Reitera-se, portanto, a importância das boas práticas e ferramentas na gestão de projetos no setor público, tais como planejamento adequado, definição de objetivos claros e mensuráveis, comunicação eficiente entre partes interessadas, monitoramento e controle contínuos, gestão de riscos e contingências, e a incorporação de lições aprendidas e melhoria contínua. Além disso, a utilização de metodologias apropriadas, como os métodos tradicionais (PMBOK, PRINCE2) e abordagens ágeis (Scrum, Kanban), bem como ferramentas tecnológicas, como softwares de gerenciamento de projetos e aplicativos colaborativos, é crucial para o sucesso na implementação de políticas públicas.

A reflexão sobre os desafios e oportunidades para aprimorar a implementação de políticas públicas revela que, apesar dos avanços significativos no campo da gestão de projetos, ainda existem obstáculos que devem ser superados. Isso inclui lidar com a complexidade e a incerteza inerentes aos projetos públicos, a necessidade de equilibrar as expectativas das partes interessadas e as restrições de tempo e recursos, e a promoção de uma cultura organizacional que valorize a eficácia e a eficiência.

No entanto, as perspectivas futuras para a gestão de projetos no setor público são promissoras. À medida que a conscientização sobre a importância da gestão de projetos eficaz aumenta, é provável que haja um maior investimento em capacitação e desenvolvimento de competências, bem como um maior apoio institucional para a implementação de práticas e ferramentas adequadas. Além disso, o avanço da tecnologia e a crescente disponibilidade de ferramentas digitais oferecem oportunidades para melhorar ainda mais a eficiência e a eficácia na gestão de projetos públicos.

Em última análise, a implementação bem-sucedida de políticas públicas depende da habilidade com que os projetos são gerenciados e executados. Ao abraçar as melhores práticas e ferramentas de gestão de projetos e investir no desenvolvimento de competências e na capacidade institucional, os profissionais do setor público podem garantir que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente e eficaz, levando a melhores resultados para a sociedade como um todo.

Matheus Delbon, administrador público graduado pela UNESP, advogado graduado pela UNIP, especialista em Direito Empresarial pela FGV Law, Pós Graduado em  “Public Leadership Credential” na Harvard Kennedy School, Diretor da Evoluta Administração, diretor da Federação Nacional dos Administradores (FENAD) professor e coordenador de pós graduação da Fundação Armando Álvares Penteado- FAAP.

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